top of page

A [In]quietArte e os Cepa Torta juntam-se num projeto de leituras de textos dramáticos. O objetivo é dar a conhecer periodicamente obras de dramaturgos de várias épocas com o recurso à sua leitura pública por actores convidados. Ao género dramático associa-se com frequência uma ideia de incompletude face à sua necessidade de ser representado. Mas considerando que o texto teatral é escrito para se repassar na oralidade, a sua leitura em voz alta, não sendo um espetáculo montado numa abordagem de encenação, não deixa de ser uma experiência de envolvimento com um público que assiste. Estas serão leituras intimistas de textos de teatro onde se pretendem momentos de partilha.

Texto: Sófocles
Tradução: Maria do Céu Zambujo Fialho
Direcção: Miguel Maia
Dramaturgia: Patrícia Carreira
Interpretação: Filipe AbreuGuilherme Barroso, José Neto, Mário Abel,Miguel SopasRui Neto e Teresa Sobral
Voz Off: Nuno Pinheiro
Bateria: Miguel Feraso Cabral
Gravação de Som: 
Felix Brückelmann
Desenhos: Catarina Rodrigues
Design Gráfico: Patrícia de Deus
Fotografia de Cena: Sónia Godinho

 

24 de Março, 21h30 - Bar Irreal

25 de Março, 21h00 - Fábrica Braço de Prata


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

Dizem-no estrangeiro aqui residente, mas logo se mostrará tebano de nascimento, e não lhe será́ grata a ocorrência, cego, depois de ver a luz, mendigo, depois de ser rico, o seu bordão tacteante buscará terra estrangeira. Ao mesmo tempo se mostrará irmão e pai dos seus próprios filhos, filho e esposo da mulher que o gerou, herdeiro do tálamo e assassino de seu pai. 

Sófocles   © Catarina Rodrigues

Esta noite grita-se. Gritam-se palavras que pertencem a um texto. Um texto que foi escrito para ser dito em palco, para ser montado, para ser encenado. Nesta aventura irá percorrer-se uma estrada paralela, lateral, marginal: a da leitura do texto. Reforçamos o lado da oralidade nestas apresentações, estaremos prontos para nos surpreender e descobrir em conjunto com o público os diferentes lugares dos textos. Começaremos com Édipo, esse mito dos mitos, sobre um rei caído em desgraça depois de se ver incapaz de fugir à maldita profecia de que é alvo e que determina que será autor de parricídio e se envolverá numa relação incestuosa com a sua mãe. Classificada por Aristóteles, na sua Poética, como a tragédia por excelência, esta obra de Sófocles é o mote para a primeira edição de Esta noite grita-se... que terá lugar já no final de Março.

... Rei Édipo!

Martin é um arquitecto de sucesso, galardoado com prémios internacionais e propostas de trabalho extraordinárias. Vive com a mulher e o filho. Toda a sua vida foi um marido exemplar. Toda a sua vida foi um pai exemplar. Encontra-se no cume da exemplaridade quando conhece Sylvia, e a vida nunca mais será a mesma.

A Cabra, Ou Quem É Sylvia?, é definido por Edward Albee com o subtítulo «Notas para uma definição da tragédia» (τραγῳδία, que poderia ser traduzido por «canto do bode»). A cabra (goat – bode), símbolo do teatro clássico da Grécia Antiga, remete também para a influência de Diónisos no Homem: a liberdade natural despertada pela embriaguez, pelo êxtase, pelo desejo, ou pelo amor. Os vinte e quatro séculos que separam Rei Édipo de Albee permitem-nos reflectir sobre a organização da cidade e da sociedade em parâmetros semelhantes àqueles com que se discutia o papel de Diónisos em Tebas ou Atenas, em Bacantes, de Eurípides. O “erro trágico” de A Cabra, Ou Quem É Sylvia?, parece ser o amor animal, o impetuoso instinto amoral a afectivo que sentimos por outros.

Uma excelente comédia negra e um ícone cómico do realismo americano, ganhou e foi nomeada para diversos prémios. Em Portugal foi dirigida por Álvaro Correia, na Comuna – Teatro de Pesquisa, em 2004 e o texto traduzido está publicado nos Livrinhos de Teatro, da Cotovia/ Artistas Unidos.

STEVIE - Sylvia? Quem é a Sylvia?
MARTIN - É uma cabra. A Sylvia é uma cabra! (O tom exagerado é abandonado; agora num tom normal; sério, neutro) É uma cabra.
STEVIE - (Pausa longa; olha fixamente para ele; finalmente sorri, dá uma risadinha, dá uma gargalhada, dirige-se ao hall; fala num tom normal) És demais! (Sai.)
MARTIN - Sou? (Encolhe os ombros. Para si próprio:) Tentamos contar-lhes; tentamos ser honestos. E o que é que elas fazem? Riem-se de nós. (Imitação.) «És demais!» (Pensa na frase.) Devo ser.

Texto: Edward Albee
Tradução: Luís Fonseca
Direcção: Filipe Abreu e Leonardo Garibaldi
Interpretação: Bruno BernardoMiguel MaiaPaulo Pinto e Rita Loureiro
Gravação de Som: Felix Brückelmann
Desenhos: Catarina Rodrigues
Design Gráfico: Patrícia de Deus

 

14 de Abril, 21h30 - Bar Irreal

15 de Abril, 21h00 - Fábrica Braço de Prata


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

... A Cabra, Ou Quem É Sylvia!

Edward Albee   © Catarina Rodrigues

Juan Mayorga   © Catarina Rodrigues

... Hamelin!

«Hamelin é uma peça sem luzes, sem cenários, sem figurinos. Uma peça em que as luzes, os cenários, os figurinos são postos pelo espectador», como escreve o próprio autor. É por isso uma peça escrita para soar no campo da imaginação, onde bastam apenas as palavras para criar novos mundos. E não será esse um dos grandes poderes do teatro, o de dar voz às palavras e rédea solta à imaginação?
Hamelin, estreada em Portugal em 2007 pelos Artistas Unidos, foi um espectáculo profundamente tocante no meu precurso enquanto espectador e, mais tarde, enquanto fazedor de teatro. Tendo como tema de fundo o conto de Hamelin, Mayorga leva-nos a pensar sobre a sociedade actual. Sobre como lidamos com as "epidemias" morais que assolam as nossas cidades e como tratamos quem luta contra essas epidemias. Sobre como o brilho desses salvadores pode cegar. Sobre ser pai. Como falar a um filho pode ser a coisa mais difícil do mundo. E sobretudo - sobretudo e sempre! - sobre ser humano.

Por fim, Hamelin representa a passagem para a minha vida adulta no teatro. Representa um enorme prazer de ter conhecido o actor António Filipe, que protagonizou o espectáculo de 2007, e que tanto me deu e ensinou. Representa, para mim e para o grupo de actores e músicos que integram esta leitura, uma simples mas bonita homenagem ao Tó.
Filipe Abreu

MONTEIRO  - Precisava de ser cem anos mais velho para julgar um caso destes. E precisava de mil anos para encontrar as palavras que o meu filho precisa de ouvir.

RAQUEL - Como é que o seu pai começava? Se é que o seu pai falava consigo.

MONTEIRO - Contava-me “O flautista de Hamelin” e tirava conclusões.

Texto: Juan Mayorga
Tradução: António Gonçalves
Direcção: Filipe Abreu

Interpretação: Ana Saragoça, Elsa Galvão, Filipe Abreu, Luís Filipe, Miguel Maia, Paula Fonseca, Paulo Pinto, Patrícia de Deus e Pedro Carraca

Música ao vivo: Eduardo Abreu e Miguel Fevereiro
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues
Design Gráfico: Patrícia de Deus

23 de Junho, 21h30 - Bar Irreal

24 de Jungo, 21h00 - Fábrica Braço de Prata


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

ROOTE - Eu estava aí onde você está agora . Pode ter a certeza. A dizer sim doutor, não doutor e com certeza doutor. Exactamente como você agora. E não subornei ninguém para chegar aonde cheguei. Subi a pulso. E quando o meu antecessor... se reformou... eu fui convidado a assumir a posição dele. Você faz alguma ideia da razão por que me chama doutor agora?
GIBBS - Sim, Doutor
ROOTE - Então porque é?
GIBBS - Porque era assim que o senhor lhe chamava, Doutor .
ROOTE - Exactamente!

... Câmara Ardente!

Harold Pinter   © Catarina Rodrigues

A RAPARIGA - Acho que sempre sonhei com ela. E por vezes via-a reflectida na água, atrás de mim. Na água do poço, no jardim das traseiras. Quando tinha uns cinco anos perguntei aos meus pais o que tinham feito da minha irmã gémea.
O HOMEM - Muitas crianças têm amigos imaginários.
A RAPARIGA - Não é uma amiga!
O HOMEM - Talvez fosse, no início. Duplicar é uma defesa contra a extinção.

Esta noite grita-se ...

Esta peça, de título original The Hothouse, foi escrita em 1958, embora só tenha sido editada em 1980 e estreada nesse ano em Londres com encenação do próprio Pinter. Em Portugal foi levada à cena em 2001 numa tradução e encenação de Graça P. Corrêa n’A Capital. O drama passa-se numa clínica de investigação e tratamento psiquiátrico, num ambiente asfixiante, caricatura de uma sociedade altamente burocratizada e entretida em jogos de poder. Nesta “câmara” os doentes, conhecidos pelos seus números, supostos dissidentes que naquele local foram colocados para um processo de normalização, são tratados dos seus desvios sociais. Pinter surge-nos com um conjunto de personagens cujo comportamento num primeiro olhar remete para o absurdo e o cómico despropositado. Mas é no assumir desse ridículo que reside a própria crueza da peça: olhamos para um laboratório do comportamento humano, espelho de uma sociedade repleta de indivíduos que se perdem na manipulação dos seus poderes e na teia desumanizante que criam e que, no final, inevitavelmente os aprisiona.

Texto: Harold Pinter
Tradução: Graça P. Corrêa
Direcção: Miguel Maia

Interpretação: Filipe Abreu, Frederico Barata, Isabel Costa, Isac Graça, Paulo B. e Telmo Mendes
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues
Design Gráfico: Patrícia de Deus

19 de Maio, 21h30 - Bar Irreal

20 de Maio, 21h00 - Fábrica Braço de Prata


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

Texto: Ana Teresa Pereira
Direcção: Rui Neto

Interpretação: João Vicente, Leonor Buescu e Rosária Rocha

Música ao vivo: João Augusto
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues
Design Gráfico: Patrícia de Deus

14 de Julho, 21h30 - Bar Irreal

15 de Julho, 21h00 - Fábrica Braço de Prata


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

Ana Teresa Pereira   © Catarina Rodrigues

Esta peça é o último conto, em forma de texto para teatro, incluída no livro de contos As Velas da Noite da escritora Ana Teresa Pereira. Tudo acontece num consultório de psiquiatria onde à conversa estão dois escritores . Mas as conversas vão para além do que é habitual numa consulta de psiquiatria. Eles viajam pelo mundo ficionado de cada um, dando mais atenção ao da Rapariga, uma vez que é a paciente, e cujo problema é ver as suas personagens no “mundo cá fora”. O prenúnico ou seja, o significado de harbinger, encontra-se numa obsessão amedrontada da Rapariga em encontrar o personagem masculino das suas histórias – Dylan – e vai-se revelando ao longo das consultas e da relação que acaba por desenvolver com o seu psiquiatra.

... Harbinger!

bottom of page