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Esta noite grita-se é um projeto de leituras públicas de peças de teatro. O objetivo é dar a conhecer periodicamente obras de dramaturgos de várias épocas com o recurso à sua leitura pública por atores convidados. Ao género dramático associa-se com frequência uma ideia de incompletude face à sua necessidade de ser representado. Mas tal como toda a obra literária, vive da imaginação. Um espetáculo surge na imaginação dos encenadores, dos atores, de todos os criativos e, por fim, dos públicos. Numa leitura de teatro o que é exposto é um esqueleto incompleto, aberto à imaginação de quem escuta, de quem cria para si uma versão do que lhe foi sugerido. Encontrámos muitas semelhanças com uma célebre frase do Harold Pinter «Não sei resumir nenhuma das minhas peças. Não sei descrever nenhuma. Só sei dizer foi isto o que aconteceu, foi isto o que disseram, foi isto o que fizeram.»; o resto, diríamos nós, completa quem quiser. Este leque de possibilidades interpretativas dá ao espectador a liberdade de criar o seu próprio espetáculo, a sua própria ficção.

Estas serão leituras intimistas de textos de teatro, onde se pretendem momentos de partilha, e têm agora a sua 2ª temporada, entre Outubro de 2017 e Julho de 2018. Escolhemos um conjunto de grandes textos dramáticos. Começamos com uma sátira de Raul Brandão, atravessamos o universo narrativo de Enda Wash, o inferno de Sartre e terminamos com a crueza de Sarah Kane. As leituras terão lugar em três espaços. Os dois primeiros - o Bar Irreal e a Fábrica Braço de Prata - mantêm-se da temporada anterior. Junta-se agora o novo espaço do IFICT, em Santa Apolónia.

O Esta noite grita-se, é dirigido pelo Filipe Abreu e pelo Miguel Maia e é uma coprodução entre a Inquietarte e a Companhia Cepa Torta.

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2ª temporada de leituras de teatro

Esta noite grita-se

Acamarrados

Enda Walsh   © Catarina Rodrigues

As próximas sessões do Esta noite grita-se, serão apresentadas de 8 a 10 de Dezembro, em três espaços diferentes da cidade de Lisboa. e contam com a leitura de um texto impressionante de Enda Walsh, que segue as brutais e energéticas histórias da vida de duas personagens - pai e filha - agora presos numa caixa de madeira que cerca a cama onde vivem.

Enda Walsh, dramaturgo, em grande parte conhecido em Portugal pelas encenações e edições dos seus textos pelos Artistas Unidos (desde 2005 até à atualidade), é um dos mais importantes escritores para teatro do século XXI. Entre as suas obras mais conhecidas estão Disco PigsThe Walworth Farse (A Farsa da Rua W), PenelopeChatroom e o argumento de Hunger, de Steve McQueen.

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Texto: Enda Walsh

Tradução: Joana Frazão
Direcção: Filipe Abreu

Interpretação: João Lagarto e Sara Carinhas
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues

Direção Artística: Filipe Abreu e Miguel Maia
 

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2017

8 de Dezembro, 21h30 - Irreal

9 de Dezembro, 21h00 - Fábrica Braço de Prata

10 de Dezembro, 17h00 - IFICT


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

O Doido e a Morte

Raul Brandão   © Catarina Rodrigues

Luísa Dacosta diz de Brandão: “A uns interessou o amor, a outros a intriga e as técnicas de contar, outros investigaram o tecido social, o quotidiano, a textura da palavra ou a inovação e a vanguarda. A Raul Brandão bastou só o espanto de existirmos e vivermos com o sonho, num chão de sofrimento.” De facto, a escrita deste homem, que vive grande parte da sua vida em Nespereira, localidade perto de Guimarães, poderia puxar o leitor mais desatento para uma interpretação superficial do que aparentam ser de romantismo associado à comédia de costumes. Mas na verdade há em Brandão uma incessante inquietação existencial que subjaz a todas as suas descrições do repetitivo e às vezes sem sentido quotidiano humano. As diferentes dimensões da existência humana são usadas como veículo narrativo para que um espectro mais profundo e verdadeiro sobressaia, revelando não raras vezes uma desilusão para com as “ninharias” da vida.

Neste arranque da 2ª temporada do Esta noite grita-se quisemos visitar Raul Brandão por ser um autor injustamente esquecido nos repertórios do teatro em Portugal. Mas acima de tudo pela transformação ocorrida na passagem da sua obra literária para a dramática: aquele certo sentido de viver, que se desenrola no universo interior das personagens, e que é transversal à sua obra literária, nos seus textos de teatro surge através de uma dinâmica de ações concretas. No caso de O Doido e a Morte, esse desencanto típico de Brandão corporiza-se no Sr. Milhões, milionário excêntrico para quem a riqueza traz uma clarividência relativamente ao mundo, que surge como um lugar fútil e opressor. Este conflito interior torna-se drama, através da ação deste homem, que se apresenta perante o Governador Civil munido de uma bomba, colocando-os aos dois numa situação de morte iminente, catalisando o desespero da sua vítima, e criando uma oportunidade de expor ao mundo as incoerências éticas sob o qual este é construído. Se por um lado é possível olhar para este texto como reflexo de um certo “não-tempo”, de uma ausência de perspetiva resultante do impasse de valores deixado pela 1ª Grande Guerra, também é certo que estes dois arquétipos de personagens representam a grande dualidade transversal à obra de Brandão. O homem e as suas máscaras, o homem verdadeiro e o homem de todos os dias, a vida profunda e aquela feita de ninharias, e estão presentes mesmo em textos mais íntimos como o seminal Húmus ou o monólogo O Rei Imaginário. Esta multiplicidade de camadas e o transformar do espaço íntimo no espaço da ação são razões mais que válidas para visitarmos Raul Brandão muitas e muitas vezes.

Texto: Raul Brandão
Direcção: Filipe Abreu e Miguel Maia

Interpretação: Inês Lago, José Wallenstein e Pedro Lacerda
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues

 

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2017

20 de Outubro, 21h30 - Irreal

21 de Outubro, 21h00 - Fábrica Braço de Prata

22 de Outubro, 17h00 - IFICT


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

Huis Clos

Jean-Paul Sartre   © Catarina Rodrigues

A 16, 17 e 18 de Fevereiro vamos ler Huis Clos, traduzido por Entre Quatro Paredes ou À Porta Fechada. Esta excelente peça de Jean-Paul Sartre, apresentada pela primeira vez em 1944, é um tratado sobre o Inferno e sobre os outros. Para a lermos contamos com a interpretação da Catarina Wallenstein, do Elmano Sancho, do Luís Moreira e da Paula Neves.

Texto: Jean-Paul Sartre

Tradução: Virgínia e Jacinto Ramos
Direcção: Filipe Abreu e Miguel Maia

Interpretação: Catarina Wallenstein, Elmano Sancho, Luís Moreira e Paula Neves
Gravação de Som: Felix Bruckelmann
Fotografia: Sónia Godinho
Desenhos: Catarina Rodrigues

Direção Artística: Filipe Abreu e Miguel Maia
 

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2018

16 de Fevereiro, 21h30 - Irreal

17 de Fevereiro, 21h00 - Fábrica Braço de Prata

18 de Fevereiro, 17h00 - IFICT


Uma produção [In]quietArte e Companhia Cepa Torta

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